Mag work por diop

terça-feira, 15 de abril de 2008

és uma aberração !

és uma aberração !

estranhos passantes,
no odores vermelhos,
são turistas errantes,
com horríveis barulhos !

uma colher queimada … que tomba no chão,
uma estrada marcada … na veia do braço,
um fino fumo aspirado … por um tubo,
… e tu que queres fugir !

dobras a esquina em que paras,
entras na porta errada,
história repetida agora,
que sofres com a tua ressaca !

madeira velha molhada,
porta para sempre caída,
ruínas não só de pedra,
também de carne apodrecida !

olhas a volta sem ver,
vives num mundo só teu,
sacas o que podes de quem passa,
roubas de quem te acolheu !

pedes esmolas no metro,
mendigas ajoelhado no chão,
saltas e rebolas sem respeito,
género … não … és uma aberração !

excluído de vontade própria,
sentes-te abandonado e sozinho,
não és ninguém nem pertences a nada,
nessa fossa de merda afogado !

a tua luz esvai-se em suspiros …
pegados não consegues respirar …
assume essa vida de perigo,
pode ainda alguém te salvar !

não desistas da tua vida de sonhos,
aceita as tuas incapacidades,
a vida está cheia de espinhos,
tem força … luta com as adversidades !

abre os olhos, grita alto … pede ajuda !

dio dast

sexta-feira, 11 de abril de 2008

a minha liberdade ?


a minha liberdade ?

as solas dos meus pés estão frias e colam-se ao chão a cada passo …

nesta caminhada … miro o longínquo horizonte brilhante … é bonito e atractivo, mas não deixa de ser apenas um dos motivos que me atraiu neste projecto sem fim que empreendo !
a busca de um eu diferente, a busca de uma compreensão positiva sobre este mundo feio, a busca de uma espiritualidade desconhecida … a verdadeira liberdade … a consequente felicidade !

engraçado é como nos julgamos tantas vezes livres … todos …
mas depois de uma verdadeira e atenta observação, reparamos que qualquer que tenha sido a nossa opção, terá sido decidida sobre valores antigos, valores que nos são transmitidos pela vivência, não apenas nossa, mas sim a de todos que nos rodeiam, mesmo com quem não convivemos, perduram e lentamente evoluem conforme a sociedade !

apesar de aparentemente estes valores se apresentarem como dinâmicos, as alterações e evoluções são lentas demais para muitos indivíduos … aqui é onde eu me encaixo !
assim, onde está a nossa liberdade se qualquer que sejam as decisões, estas estarão sempre condicionadas por modos antigos, modelos de vida, ambições progressivas … por vezes doentias … regressivas até !

este meu desejo de libertação já vem de longe …
eu não quero obrigar ninguém a mudar comigo ou por mim, isso está completamente fora desta questão !
mas se eu aceito cada personagem desta telenovela real, tal como é …
será assim tão difícil aceitarem-me como eu sou ?
aceitarem-me com as minhas muito próprias questões, dúvidas, certezas, desejos …
aceitarem-me com os meus sentimentos, com as minhas fragilidades, com as minhas emoções …

não quero mudar nenhum modus vivendis pessoal ou generalizado, pretendo somente e apenas o meu !
considero-me apto para me adaptar a qualquer realidade, mas não para me alterar em favor de alguém ou de alguns !
evoluo tal como consigo, na minha velocidade personalizada persigo os objectivos que considero essenciais para a minha progressão em vida !

vou como posso … como consigo !
sei muito bem do que não preciso e do que não quero !
esforço-me com uma máxima bem presente em mente - se digo, faço !

é óbvio que gostava que fossem todos iguais a mim …
hum … e quem sou eu para desejo tal !

diospiro

quarta-feira, 9 de abril de 2008

pureza … que tontice !


pureza … que tontice !

vestida de pele tecida,
o seu tom avermelhado trespassa esta figura,
mesmo disfarçada não esconde a sua origem,
tudo não passa de uma tentativa frustrada !
tenta passar despercebida no meio da multidão,
figura alta e bem cuidada,
de cabelo negro comprido …
está apanhado às costas colado …
abraçado por fios de pele em cores tingidos,
que de um lado para o outro … abanando suave,
acompanha o seu andar !
tudo é estranho ao seu olhar …
todos estranham ao seu passar …
de diferentes perspectivas se analisam,
de diferentes formas se aceitam !
diferentes mesmo humanos,
não podem ser mais que animais,
de estigmas ou fobias nos bolsos,
viram costas ou reagem …
ou fingem nem sequer ver !
estranhos passados confundidos,
neste presente misturados,
impossíveis de separar,
pureza … que tontice,
isso já não existe !

Dio Dast

todos uns bastardos !


todos uns bastardos !

tantos pássaros de asas abertas,
desenham no céu figuras aceleradas,
dejectam pelas suas rectro fendas,
armas biológicas em grandes cagadas !

nas ruas tocam alto os alarmes,
de mais um ataque deliberado,
todos fogem em cardumes,
para debaixo de tecto levantado !

mesmo depois de passarem,
restam perigos em todo lado,
no chão ou nos telhados a abanarem,
prontos a atingir o mais descuidado !

os passeios são caminho minado,
desviamo-nos em curvas curtas,
mas sempre com passo acautelado,
damos saltos como acrobatas !

chão sujo e porco já não nos espanta,
estamos todos mais do que habituados,
toda esta merda junta parece que nos encanta,
estamos todos nesta enorme fossa entrincheirados !

nem uma escada ou corda nos enviam,
nada que nos tire deste buraco,
mesmo salvos mas sujos não nos queriam,
na entrada do seu barraco !

podem ser todos grandes e poderosos,
mas no fundo todos uns bastardos,
metem tudo para dentro dos bolsos,
são cães raivosos açaimados !

riem-se dos coitados sofredores,
que lutam para sair dos buracos,
chegam mesmo a ser abusadores,
dos direitos humanos aclamados !

para quê tanta maldade,
tanta tristeza criada,
esta é a nossa actualidade,
por coisas menos importantes abafada !

as grandes potencias reconhecidas são obra prima do atropelo dos mais fracos que foram pisados !

Dio Dast

terça-feira, 1 de abril de 2008

Brejenjas – Manecas Girassol !


Brejenjas – Manecas Girassol !

o sol estava quente
a névoa levantava
o calor era abrangente
nem uma folha abanava !

a manecas girassol
uma tonta encalorada
corria feito louca
de camisa desabotoada !

o cego pressentiu
a sua bengala levantou
o seu coração tremeu
mas nada opinou !

a manecas semi-nua
deixou os homens a babar
o seu corpo ela insinua
começa tudo a descambar !

o murmurinho já corre na aldeia
a louca doida está desvairada
hora do ataque de ciumeira
ai que começa a barracada !

a jaquina do armando
conhecendo o marido que tem
larga os filhos acenando
quer proteger o que lhe convém !

corre campos quais raposas
caçadas saltam muros e vedações
tem o medo de todas as esposas
destas estranhas aberrações !

o sossego da madrugada
é agora recordação
nesta manhã amaldiçoada
as mulheres cheiram a traição !

a manecas encharcada
molhada de tanto suar
ao sol parece acorrentada
louca … persegue-o a flutuar !

o sol amaina finalmente
os pássaros chilreiam sem parar
a sombra é um calmante
no armando todos vão acabar !

mais um copo pedem todos
a medida que vão chegando
atarantados ou cansados
à tasca do armando !

mais um dia de loucura
nesta aldeia marada
alegria e amargura
aventura concentrada !

Dio Dast